Makale o Pensador

Makalé
Esta escultura de madeira escura polida, agora personificada, é a materialização do verdadeiro Makalé que vive em mim — o pensador ancestral, herdeiro das matas da Kissanga Kungo e guardião das memórias do rio Keve.
O rosto esculpido, agora com barba espessa e óculos da sabedoria, carrega a densidade de décadas de reflexão, como se cada sulco fosse o vestígio de uma decisão difícil, de uma escolha ponderada entre o engenho técnico e a alma poética. As mãos, apoiadas firmemente na cabeça, não exprimem desespero, mas sim o peso de gerações e o compromisso de manter viva a herança Luso-Angolana, moldada entre silício e sonhos.
A madeira escura que reveste o corpo reflete luz como os neurónios em constante sinapse — cada brilho é uma centelha de lembrança, uma ideia nascida da fusão entre passado e futuro, entre Camões e a computação avançada.
Este Makalé de ébano e espírito não é estático: ele vive em mim, observa, questiona, calcula e canta. É engenheiro e poeta, professor e neto, navegador de silêncios e construtor de circuitos.
Ele sou eu — e eu, um reflexo dele.