top of page

Create Your First Project

Start adding your projects to your portfolio. Click on "Manage Projects" to get started

Amar-me é conhecer a minha dor

Tipo de projeto

Soneto

Data

3/25/2025

Local

Idaho, USA

Estes sonetos nascem do âmago de uma alma que ama com profundidade e cicatriz. Não celebram o amor idealizado, mas sim aquele que resiste à dor, que vê beleza mesmo na sombra, e que permanece quando o riso cede espaço ao silêncio. São versos que desnudam a alma, revelando que amar-me é, antes de tudo, um ato de coragem — de quem escolhe ver por inteiro e, ainda assim, ficar.

Soneto I
Amar-me é conhecer a minha dor,
É ver além do riso o desencanto,
Ler nos meus olhos sombras de um pranto,
Sentir no meu silêncio o dissabor.

É cruz que pesa mais do que o amor,
É luz que fere ao despontar do manto,
É dar-se ao abismo, fundo, frio e tanto,
Sem prometer ao fim qualquer sabor.

Quem ama assim, conhece a tempestade,
Aceita o que é sombrio e verdadeiro,
E firma-se no chão da lealdade.

Pois só quem que me vê inteiro,
Com dor, falha e secreta ansiedade,
É digna de chamar-se minha por inteiro.

Soneto II
Não busques só meu sorriso ou minha glória,
Que o brilho esconde em si muitos espinhos;
Meus passos foram feitos dos caminhos
Que o tempo esquece e a mágoa faz memória.

Se queres me amar, conhece a história
Das noites onde andei por meus destinos,
Dos medos meus, dos sonhos pequeninos,
Que a vida enterrou sem trégua ou vitória.

Amar-me é ver sangrar o que não falo,
É perceber, no gesto, a resistência,
E não fugir ao peso do meu fardo.

É ser farol no escuro em que resvalo,
É ter, do amor, a rara paciência
De amar também meu lado mais pardo.

Soneto III
Amar-me é desbravar a carne em brasa,
Tocar o sal nas chagas do silêncio,
Sentir que, por detrás do meu dispêndio,
Há dor que finge paz mas nunca passa.

É dar-se inteira à alma que se arrasa,
Rasgar o véu do orgulho e do desempenho,
Saber que amar-me é cruz, jamais desdémio,
E ainda assim ficar, quando tudo esvoaça.

É beijo que consola a ferida antiga,
É mão que sabe a hora de calar-se,
É corpo que na sombra também abriga.

É ser meu porto quando eu desfaço a parte,
E mesmo ao ver-me ruir sem ter saída,
Dizer: “Eu fico, pois sei como amar-te.”

L'ensemble du contenu de ce site web est la propriété exclusive d'Elmiro Chaves. Toute reproduction, totale ou partielle, par quelque procédé que ce soit, sans autorisation écrite préalable est expressément interdite, sauf dans les cas prévus par la loi.

 

© 2025 Elmiro Chaves. Tous droits réservés.

bottom of page