A Fuga de Santa Comba Dão

No soneto "A Fuga de Santa Comba Dão", eu revivo uma das experiências mais marcantes da minha vida: a fuga forçada de minha cidade natal em meio ao caos da guerra. Lembro-me vividamente do medo que senti ao ver minha terra pacífica ser tomada pela violência e pela destruição. Com minha família, unimos forças para escapar e buscar segurança, deixando para trás tudo o que conhecíamos e amávamos.

Naquela aurora em Santa Comba Dão,
Testemunhei o horror de uma invasão,
A cidade, antes calma, sem razão,
Foi mergulhada em guerra e aflição.

Gritos e bombas, tiros pelo chão,
Pessoas fugindo, presas de tensão,
Minha família unida em decisão,
Fugir da morte, buscar salvação.

Por estradas secundárias escapamos,
Deixando nossa terra, nossas casas,
Em busca de refúgio caminhamos.

Chegamos a Huambo com esperanças,
A Cruz Vermelha nos deu novas asas,
E para Portugal voamos em danças.

Essa fuga dolorosa me ensinou sobre a importância da união e da coragem em tempos de crise. Mesmo em meio ao desespero, encontramos esperança e uma nova chance de vida. Refletindo sobre essa experiência, vejo como ela moldou minha resiliência e minha capacidade de enfrentar adversidades, sempre buscando um novo começo, mesmo quando tudo parecia perdido.