Deixe Que Doa

Deixe que doa. Deixe que sangre. Deixe que cure.
E deixe para lá.

Soneto:
Deixe que doa o peito amargurado,
Deixe que sangre a dor que não se vê,
Que a vida segue, mesmo sem porquê,
E o amor, qual flor, renasce no passado.

Deixe que cure o tempo bem marcado,
As feridas do coração, num breve revés,
Que a alma encontra paz na sua fé,
E o luto vira sonho já olvidado.

Deixe para lá os males, as feridas,
Que a vida é breve e deve ser vivida,
Nas margens do que o vento nos trouxer.

E mesmo que o amor se vá, perdido,
No rastro de um sorriso já sofrido,
Renova-se a esperança ao amanhecer.