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Riquita: Um Ícone de Beleza e Inspiração na Minha Vida

12 de out de 2024

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Na década de 1970, o cenário dos concursos de beleza era uma fusão entre o glamour e a exibição das identidades culturais, e foi nesse contexto que uma jovem de Namibe, Angola, emergiu como uma estrela luminosa. Maria Celmira Bauleth, ou Riquita, como é carinhosamente conhecida, não apenas conquistou os títulos de Miss Angola e Miss Portugal em 1971, mas também os corações de muitos, incluindo o meu. Para mim, na minha adolescência, Riquita representava mais do que beleza; ela personificava coragem, autenticidade e elegância.


Riquita nasceu em Namibe, uma cidade que, embora situada em pleno deserto, é uma terra rica em tradições e cultura. Quando foi coroada Miss Angola, lembro-me da celebração nacional que envolveu o país. Uma canção popular ecoava nas ruas da minha cidade natal, celebrando sua vitória:

“Riquita tu és bonita

Riquita tu és rainha

Angola que te acredita

Mostrou como és natural.”


Esses versos encapsulavam a essência de sua beleza e autenticidade. Quando ela se tornou Miss Portugal, um imenso orgulho me envolveu, como se parte do meu ser estivesse também sendo reconhecida no cenário internacional.


A participação de Riquita no concurso de Miss Universo, em 1971, foi memorável por uma escolha ousada e emblemática: ela decidiu usar o traje tradicional dos mucubais, uma tribo do sul de Angola. Esse traje era adornado com leite azedo e excrementos de boi, em uma demonstração autêntica de sua herança cultural. Apesar de alguns espectadores se afastarem devido ao cheiro, a coragem dela ao representar suas raízes foi extraordinária e inspiradora.


Após seu sucesso nos concursos, Riquita fez algo que poucos teriam a ousadia de fazer: ela recusou-se a participar do Miss Europa e manteve seus títulos, optando por retornar a Angola e seguir sua educação na Universidade de Luanda. Essa decisão causou controvérsia, mas foi um verdadeiro reflexo de seus princípios e valores.


Quando voltou a Moçâmedes, foi recebida com festas e desfiles. Um momento que ficou gravado na memória foi seu desfile em um Ford descapotável, acenando para uma multidão que aplaudia calorosamente. Em outra celebração, vestida novamente como uma mucubal, foi saudada por membros da tribo com orgulho, pois viam nela a representação de sua própria identidade cultural no palco mundial.


Hoje, anos depois, ainda mantenho contato com Riquita através das redes sociais. Nossa amizade é um testemunho do impacto profundo que ela teve na minha vida. Ela continua a ser uma figura de inspiração para mim e para muitas jovens angolanas que encontram nela um exemplo de força, autenticidade e beleza.


Soneto de dedicação:


Para a Minha Amiga Riquita

A Riquita, musa dos meus dias,

Com beleza que encanta e fascina,

Sua graça em Angola irradia,

Qual estrela que no céu ilumina.


Recordo a juventude em harmonia,

Seu rosto, a inspiração divina,

Miss Angola e Portugal, alegria,

Uma rainha que o mundo abençoa e destina.


E nas redes mantemos a amizade,

Riquita, símbolo de autenticidade,

Com seu charme e luz, sempre brilha.


Tua história é de nobreza e coragem,

Exemplo eterno de força e imagem,

Riquita, minha musa, que maravilha!


Riquita não foi apenas uma miss; ela personificou a alma de Angola e inspirou muitos ao mostrar ao mundo a riqueza de sua cultura. Sua história de autenticidade e determinação é algo que continua a ressoar ao longo dos anos, lembrando a todos nós da importância de sermos fiéis às nossas raízes.



12 de out de 2024

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