Explorando a Rica Cultura de Angola e Portugal

A Menina e o Cachorrinho no Alentejo
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No coração do Alentejo, onde o horizonte parece se fundir com o céu em um abraço de luz dourada, vivia uma menina chamada Sofia. Ela tinha o cabelo cor de trigo, que dançava ao sabor do vento suave, e olhos azuis tão límpidos quanto o céu de verão. Sofia era a filha do campo, nascida entre as planícies e colinas, onde a natureza se exibia em sua plenitude com flores selvagens, campos de cereais e uma paz que parecia eterna. Seu inseparável companheiro era Bolinha, um cachorrinho branco e peludo que, como ela, encontrava alegria nos pequenos detalhes da vida simples. Juntos, eram a imagem viva da liberdade e da inocência infantil.
Todas as manhãs, a pequena Sofia saía de sua casinha de pedra, situada no alto de uma colina, para explorar o que o Alentejo lhe reservava. A casa era modesta, com suas paredes feitas de pedras envelhecidas pelo tempo, e o telhado de palha que exalava um charme rústico típico da região. Ao redor da casa, flores silvestres cresciam livres, como um tapete colorido que se estendia até a trilha de terra batida que descia até o vale. No verão, as papoilas vermelhas e as lavandas roxas pintavam a paisagem com tons vibrantes, e o ar estava sempre impregnado com o perfume da terra e das flores.
Bolinha, com sua energia incansável, corria à frente de Sofia, farejando cada novo aroma e parando para observar o movimento das borboletas. Sofia, por sua vez, inventava histórias enquanto caminhavam, misturando lendas de cavaleiros, princesas e aventuras com a realidade de sua terra. As histórias ganhavam vida em sua mente fértil, e Bolinha, sempre atento, parecia entender cada palavra que saía dos lábios de sua pequena dona, abanando o rabo em sinal de aprovação.
Certo dia, ao despertar, Sofia decidiu que era hora de desbravar um novo pedaço do campo que nunca havia explorado antes. Com Bolinha ao seu lado, seguiu por uma trilha diferente, uma que parecia levar a um destino desconhecido. O vento suave do Alentejo tocava seu rosto, trazendo consigo a sensação de que aquele dia seria especial. A paisagem era ao mesmo tempo familiar e misteriosa, com suas colinas ondulantes e árvores solitárias que pareciam guardar segredos antigos.
Depois de algum tempo caminhando, eles avistaram algo que chamou a atenção de Sofia: um antigo moinho de vento. Com suas imensas pás de madeira paradas, o moinho parecia estar adormecido, como um gigante que esperava o momento certo para despertar. Sofia nunca o havia visto antes e, curiosa, decidiu aproximar-se. As grandes pedras de moagem, agora cobertas de musgo, ainda estavam ali, testemunhando um passado em que o moinho era o coração de toda a atividade da região.
Sofia e Bolinha entraram no moinho com cuidado, seus passos ecoando pelo espaço vazio. Lá dentro, encontraram velhas ferramentas e sacos de farinha abandonados, lembranças de tempos antigos em que o moinho fervilhava de vida. Enquanto exploravam cada canto, Sofia ouviu um som suave, quase impercetível: o som de água corrente. Sem hesitar, seguiu o som até que, escondido atrás do moinho, encontrou um pequeno riacho cristalino. A água brilhava sob o sol, refletindo o azul do céu e o verde das árvores ao redor.
Sofia e Bolinha se aproximaram do riacho, maravilhados com sua beleza tranquila. Bolinha foi o primeiro a pular na água, suas pequenas patas espirrando água para todos os lados, enquanto Sofia riu, feliz com a cena. Juntos, eles passaram a tarde ali, brincando na água fria e coletando pedras lisas do fundo do riacho. Cada pedra que Sofia recolhia parecia contar uma história, e ela guardava as mais bonitas nos bolsos de seu vestido.
À medida que o sol começava a se pôr, pintando o céu com as cores quentes do crepúsculo, Sofia soube que era hora de voltar para casa. Mas não sentia tristeza – pelo contrário, estava grata por mais um dia de descobertas e alegria. Enquanto caminhavam de volta pela trilha, Sofia olhou para os campos dourados à sua volta e sentiu uma profunda conexão com sua terra. O Alentejo, com sua beleza simples e sua tranquilidade, era o cenário perfeito para todas as suas aventuras.
Ao chegarem à colina, com a casa já à vista, o céu estava tingido de laranja e rosa, como se o próprio sol estivesse se despedindo com um espetáculo de cores. Sofia sabia que aquele era apenas mais um dia entre muitos que viriam, cheios de novas descobertas e aventuras ao lado de seu fiel Bolinha. No coração do Alentejo, ela encontrava não apenas diversão, mas também a certeza de que, nos pequenos momentos de simplicidade, reside a verdadeira felicidade.
Soneto: A Menina e o Cachorrinho no Alentejo
No Alentejo, campos de ouro e flor,
Sofia e Bolinha, ao sol, passeiam,
Na trilha da colina, ambos se estreiam,
Em aventuras e sonhos de amor.
O moinho de vento, qual ator,
De histórias de tempos que vagueiam,
Com água corrente e pedras que se almeiam,
Testemunham a amizade e seu valor.
Riacho oculto, cristalino encanto,
Onde a menina e o cão se refrescaram,
Em brincadeiras de riso e tanto.
Ao pôr-do-sol, de volta se avistaram,
O céu em cores, um belo manto,
Novas aventuras no campo esperaram.
Fim
