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A Travessia das Estrelas

2 de nov de 2024

2 min de leitura

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Há mais de quinhentos anos, num pequeno porto ao sul de Lisboa, erguia-se uma vila cujas vidas eram tecidas pelas marés e pelos ventos do mar. Entre esses destemidos, estava João, um jovem marinheiro cujo sonho era desvendar os mistérios que se escondiam além dos mapas que estudava todas as noites à luz de uma vela trêmula.

Naquela manhã, o ar carregava uma promessa de aventura. João, ao lado de outros marinheiros escolhidos a dedo, embarcou na caravela Santa Maria da Esperança. As velas foram içadas, e o navio começou sua jornada rumo ao desconhecido, impulsionado pela curiosidade insaciável de seu jovem tripulante.


Durante meses, enfrentaram tempestades que rugiam como feras e calmaria que testava a paciência de santos. João, no entanto, mantinha o olhar fixo no horizonte, cada dia mais convencido de que estavam prestes a descobrir algo grandioso.

E então, numa manhã de mares calmos e céu limpo, o vigia no topo do mastro principal gritou. Terra à vista! A emoção tomou conta de todos. Quando a silhueta de montanhas distantes e praias de areia dourada emergiu do nevoeiro, os corações a bordo bateram em uníssono com as ondas que os guiaram até ali.


Desembarcaram em um mundo novo, onde a natureza parecia não ter fim e os sons da floresta eram canções nunca antes ouvidas. João, pisando sobre a terra desconhecida, sentiu uma conexão profunda com aquele lugar. Nos dias que se seguiram, encontraram povos que falavam línguas estranhas, mas compartilhavam sorrisos que não precisavam de tradução.


A viagem de volta foi marcada por uma saudade antecipada, mas também pela certeza de que retornavam como homens transformados. Eles haviam encontrado mais do que terras e riquezas; encontraram novos caminhos para entender o mundo e a si mesmos.

João nunca mais foi o mesmo. Cada estrela no céu noturno não era mais apenas uma luz, mas uma promessa de novas terras, novos sonhos e novas descobertas. E assim, a história de João, como muitas outras naquela era de descobertas, foi tecida não só pelas linhas de um mapa, mas pelo entrelaçar de coragem, curiosidade e transformação.


Soneto


Na era d’ouro, sob o céu d’alvorada,

Partiu João, coração além do mar,

Na caravela, esperança encantada,

A descobrir o que o mundo tinha a dar.


Santa Maria, por mares navegada,

Entre tempestades, a rota a clarear,

Trazia em seu ventre a alma animada,

Por novos mundos e sonhos a alcançar.


Ao ver terra, um novo alento respira,

João, nos olhos, o brilho de quem mira

Um novo mundo que à frente se desdobra.


E ao voltar, no peito a certeza trazia:

Que cada estrela no céu lhe sorria,

Guiando-o à casa, onde o velho mundo sobra.




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