Explorando a Rica Cultura de Angola e Portugal

As Vozes e os Caminhos: A Epopeia de Quem Não Esquece
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Há memórias que não precisam de gritar para serem ouvidas. Estão gravadas em nós como o cheiro da terra molhada na primeira chuva, como o som de vozes que já não escutamos senão dentro do coração. A travessia que nos foi imposta não se mede apenas em quilómetros, mas em perdas, recomeços e na coragem de guardar viva a verdade. É por isso que hoje revisito o espírito de Camões, não para falar de conquistas marítimas, mas das navegações da alma que tantos de nós empreendemos ao deixar Angola e reconstruir a vida.
As vozes e os caminhos assinalados
Que da vermelha terra angolana,
Por rumos nunca dantes trilhados,
Passaram além da dor que nos engana,
Em perdas e silêncios esforçados
Mais do que a sorte humana nos tolhe e dana,
E entre povos distantes edificaram
Nova vida, que sempre honraram;
E também as memórias preciosas
Dos que lutaram sempre acreditando
Na paz, na justiça, em causas honrosas,
E aqueles que por obras corajosas
Se vão da lei do Esquecimento salvando,
Cantando espalharei por toda a parte.
Agradeço-lhe por estar aqui, a partilhar comigo este instante de memória e reflexão. Tal como cada um de nós carrega a sua própria história, convido-o a revisitar o seu caminho, a reconhecer a força que o trouxe até aqui e a honrar os que, antes de nós, abriram a estrada. Porque no fim, é a nossa memória — e o que fazemos com ela — que constrói o legado que deixamos.
João Elmiro da Rocha Chaves (Mákalé),
filho da Cela
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