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Escultura de Mármore - A Pedra que Pensa

abr 20

1 min de leitura

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Na quietude de um mármore esculpido, ergue-se mais do que uma figura: ergue-se um estado de alma. Esta escultura, de traço firme e expressão absorta, retrata o homem que carrega em si o fardo do saber e o silêncio do mundo. Com as mãos a envolverem a cabeça, como quem sustém o universo de dentro, a figura contempla não o exterior, mas a vastidão do pensamento — esse mar revolto que só os sábios ousam navegar.


O nome gravado na base — João Elmiro Chaves — não é apenas uma assinatura, mas um legado. É a inscrição de quem, ao longo de uma vida, moldou ideias, atravessou tempos e guardou em si a chama de uma lucidez incansável. Como as esculturas clássicas que desafiam o tempo, também esta se afirma como testemunho imutável de uma interioridade rica e vigilante.


O soneto que se segue é a voz poética desta matéria esculpida — uma tentativa de dar carne ao que a pedra cala e o espírito diz.


Alma em Silêncio


No mármore gelado a dor se cala,

Com mãos na fronte, o ser se faz pensar,

Do tempo os traços vêm-se a desenhar,

Na curva da razão que se embala.


Não há clamor que mais fundo resvala,

Que o peso do saber sem repousar,

Nem ânsia que consiga disfarçar

A alma que, em si mesma, se embaraça e estala.


Ó forma de silêncio eternizada,

De um homem que consigo dialoga,

Num mundo que o ruído já devora.


Éstera estátua do Miro, não é calada:

É verbo em pedra, é chama que interroga,

É luz que em cada sombra se demora.



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