top of page

Introdução: O Valor das Diferenças

Na tapeçaria da existência, entrelaçam-se fios de cor e textura distintas — cada um com sua origem, sua história, sua dor e sua esperança. As diferenças não são fardos: são dádivas. E se as soubermos ver com os olhos do espírito, tornam-se pontes para o amor, espelhos para o autoconhecimento e sementes para a paz. Este ciclo de sonetos honra essas diferenças como fontes de luz, crescimento e plenitude.


I. Soneto da Infância Inocente


No olhar da criança, não há fronteira,

A cor não pesa, o nome não separa,

Só vale o riso solto na seara,

Onde a pureza cresce e reverbera.


Diferença é canção que não altera

O tom da alma — nela tudo é clara.

Quem ama assim, com fé tão verdadeira,

Já traz no peito a paz que não dispara.


É na infância que a vida nos ensina

Que o mundo cabe inteiro numa mão,

Se o outro for irmão e não ruína.


E ao brincar com a sorte e com o chão,

Aprende o coração, de forma fina,

Que amor é ver no outro a salvação.


II. Soneto da Juventude Ardente


Na juventude, a chama é mais ousada,

E as diferenças, névoas sem espanto;

Importa mais o sonho e menos o pranto,

E o mundo gira em dança encantada.


Com peito aberto e alma iluminada,

Segue-se a vida, mesmo em meio ao pranto,

Pois o que importa é rir e estar no canto

Onde a amizade é festa improvisada.


É tempo de abraçar sem perguntar,

De aceitar o que vem com emoção pura,

De não temer o risco de amar.


Mas mesmo o impulso, em sua tessitura,

Traz lições que o tempo há-de aflorar

Na memória da alma mais madura.


III. Soneto da Velhice Esclarecida


Na velhice, o silêncio é mais profundo,

E as diferenças, fontes de respeito;

Não se exige mais do que o bem-feito,

Nem se perde o tempo em julgar o mundo.


O que antes parecia tão fecundo,

Revela agora um outro, novo jeito:

O valor de um abraço, um peito a peito,

O dom de estar presente num segundo.


Já não se vive para convencer,

Mas para amar sem pressa e sem medida,

E agradecer o dom de pertencer.


É quando a alma enfim se sente erguida,

E vê nas diferenças o poder

De nos lembrar a graça de estar viva.


Conclusão: A Unidade na Diversidade

As diferenças são o sal da vida. Sem elas, o mundo seria monótono, previsível, desprovido de cor e de profundidade. Amar na diferença é reconhecer que cada ser é uma centelha do divino, com seu tempo, sua forma e seu caminho. Que cada encontro nos transforme, que cada separação nos eduque, e que cada escolha seja feita com alteridade — pois só há plenitude onde há respeito mútuo.



Comentários

Compartilhe sua opiniãoSeja o primeiro a escrever um comentário.
bottom of page