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Quando os Ditadores se Reúnem: O Impacto da Cimeira SCO em Tianjin

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11 min de leitura

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Tianjin 2025: O encontro entre Xi, Modi e Putin e o ensaio de uma ordem alternativa ao Ocidente


Introdução

Em 1 de setembro de 2025, a cidade portuária de Tianjin transformou-se no palco de um encontro carregado de simbolismo e de implicações estratégicas. Sob a bandeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), três líderes que moldam, cada um à sua maneira, os contornos do mundo multipolar — Xi Jinping, Narendra Modi e Vladimir Putin — sentaram-se lado a lado para enviar mensagens distintas, mas convergentes.


O que poderia parecer apenas mais uma cimeira regional, revelou-se um ensaio de realinhamento global: Xi denunciou o “bullying” das potências ocidentais e lançou instrumentos financeiros e tecnológicos próprios; Modi reforçou a necessidade de combater o terrorismo sem “padrões duplos”, ao mesmo tempo que definiu o seu tripé estratégico de Segurança–Conectividade–Oportunidade; Putin insistiu em reescrever a narrativa da guerra na Ucrânia como produto da expansão da NATO, e não de uma invasão russa.


Para o leitor ocidental, importa perceber que este encontro não se limitou a declarações protocolares. Foi um aviso: existem hoje mecanismos paralelos — bancos, plataformas energéticas, sistemas de navegação — que procuram reduzir a dependência do Ocidente e, em última análise, enfraquecer a eficácia de sanções e alianças tradicionais.


Assim, Tianjin não deve ser lido como uma nota de rodapé da diplomacia internacional, mas como um marco na consolidação de uma ordem alternativa. É a fotografia de três projetos políticos — o autoritarismo chinês, o nacionalismo indiano e o revisionismo russo — que, apesar das fraturas internas, encontram pontos de convergência suficientes para desafiar o equilíbrio de poder global.


II. As três mensagens em detalhe

1. Xi Jinping — Multipolaridade como infraestrutura

O presidente chinês abriu a cimeira com uma mensagem clara: a multipolaridade não pode ser apenas discurso, tem de traduzir-se em instrumentos tangíveis. Para tal, anunciou:

  • Um pacote económico robusto: 1,4 mil milhões de dólares em empréstimos e 280 milhões em subsídios dirigidos a membros da SCO, um gesto que funciona tanto como apoio financeiro como compra de lealdade diplomática.

  • Institucionalização de poder: avanço na criação de um Banco de Desenvolvimento da SCO, destinado a financiar projetos regionais, e de uma plataforma internacional de energia, para coordenar fluxos de petróleo e gás fora dos mercados ocidentais.

  • Tecnologia estratégica: abertura do sistema BeiDou (alternativa chinesa ao GPS) aos membros da SCO, reforçando autonomia tecnológica em setores civis e militares.

Para Xi, Tianjin não foi apenas palco de retórica. Foi a tentativa de consolidar a SCO como bloco institucional alternativo, reduzindo dependências de Bretton Woods, da OPEP e da infraestrutura tecnológica ocidental.


2. Narendra Modi — Segurança sem hipocrisia

O primeiro-ministro indiano, mais contido no tom, trouxe uma mensagem dupla: firmeza contra o terrorismo e afirmação da autonomia estratégica da Índia.

  • Combate ao terrorismo: condenou os ataques em Pahalgam, no Caxemira, exigindo que não haja “padrões duplos” na forma como o terrorismo é denunciado ou tolerado. A crítica implícita visava sobretudo o Paquistão, mas também a inconsistência internacional em classificar organizações terroristas.

  • A tríade estratégica S–C–O: Modi resumiu a visão indiana em três palavras — Segurança, Conectividade e Oportunidade. Um acrónimo que, além de jogar com as iniciais da organização, transmite a mensagem de que a Índia vê a SCO como espaço de cooperação prática, não como bloco ideológico.

  • Autonomia preservada: ao mesmo tempo, Modi manteve a linha da política externa indiana: cooperação com Moscovo e Pequim em fóruns regionais, mas sem abdicar das parcerias com os EUA, a Europa e o Japão em matérias de defesa e tecnologia.

Assim, Modi reforçou a imagem da Índia como potência equilibradora: nem satélite da China, nem peão do Ocidente.


3. Vladimir Putin — Reescrever a guerra da Ucrânia

O presidente russo aproveitou Tianjin para reforçar a sua narrativa sobre a guerra.

  • A culpa é da NATO, não de Moscovo: Putin insistiu que o conflito nasceu de um “golpe apoiado pelo Ocidente em Kiev” e da expansão da NATO, e não de uma invasão russa.

  • Diplomacia como válvula: elogiou o papel de Pequim e Nova Deli em promover entendimentos, chegando a referir que “compreensões iniciais” surgiram de conversações recentes com Washington no Alasca.

  • Alinhamento estratégico: ao lado de Xi e Modi, Putin mostrou que não está isolado. A SCO oferece-lhe palco, legitimidade e parceiros dispostos a ouvir a sua versão dos acontecimentos.

A mensagem central foi inequívoca: a Rússia só aceitará qualquer solução que contenha a expansão da NATO e reconheça a sua esfera de influência no espaço pós-soviético.


Síntese desta secção

  • Xi falou em instituições e alternativas concretas: dinheiro, banco, energia, satélites.

  • Modi focou-se em segurança e equilíbrio, preservando a autonomia estratégica indiana.

  • Putin usou o palco para reformular a narrativa da guerra, com a NATO como alvo principal.


III. O que realmente está em jogo

1. A financeirização alternativa

Ao anunciar um Banco de Desenvolvimento da SCO, Xi Jinping sinalizou que a organização pretende deixar de ser apenas um fórum securitário para se tornar também um eixo financeiro paralelo.

  • Implicação para o Ocidente: Se este banco se inspirar no modelo do AIIB (Asian Infrastructure Investment Bank), com capitalização robusta e condições de empréstimo menos “politizadas”, poderá atrair países em dificuldades financeiras que já se sentem desconfortáveis com as condicionalidades do FMI ou do Banco Mundial.

  • Risco estrutural: a eficácia das sanções ocidentais ficará reduzida se os países tiverem linhas de crédito alternativas, dificultando a pressão económica sobre regimes considerados hostis.


2. Energia e rotas fora do controlo ocidental

A proposta de uma plataforma internacional de energia da SCO procura criar um mecanismo de coordenação de petróleo e gás entre Rússia, Irão, Ásia Central e Sul.

  • Implicação para a SCO: permite swaps energéticos regionais, menos dependentes dos mercados ocidentais, e pode facilitar pagamentos em moedas locais em vez de dólares.

  • Risco para o Ocidente: reduz a relevância do petrodólar e cria um mercado paralelo de energia, que poderá alimentar descontos e contratos secretos, fora da supervisão das bolsas internacionais de Londres ou Nova Iorque.


3. Tecnologia dual e autonomia estratégica

Ao abrir o acesso ao BeiDou, Pequim oferece aos parceiros uma alternativa ao GPS não só para navegação civil, mas também para uso militar (mísseis, drones, comunicações logísticas).

  • Implicação para a SCO: reforça a interdependência tecnológica entre os seus membros, criando confiança no uso de sistemas não ocidentais.

  • Risco para o Ocidente: perde-se a vantagem estratégica de controlar as principais infraestruturas de posicionamento global. Tal dilui a supremacia tecnológica americana e europeia, sobretudo em teatros como o Indo-Pacífico e a Eurásia.


4. Autonomia indiana como fator de equilíbrio

A Índia, ao insistir no seu tripé Segurança–Conectividade–Oportunidade, evita alinhar-se totalmente nem com o Ocidente nem com o eixo sino-russo.

  • Implicação para a SCO: mantém o bloco mais inclusivo, mas também menos coeso, pois Nova Deli não abdica da sua margem de manobra.

  • Risco para o Ocidente: a Índia poderá jogar em dois tabuleiros — beneficiando do acesso a energia russa e infraestruturas chinesas, sem cortar pontes com Washington ou Bruxelas. Isso pode enfraquecer a estratégia ocidental de isolar Moscovo e conter Pequim.


5. Coreografia geopolítica: mais que símbolos

O desfile militar em Tianjin, no fecho da cimeira, não foi um detalhe de protocolo. Foi a demonstração de que a SCO quer mostrar-se como coalizão alternativa ao Ocidente, com poder militar para além do económico e político.

  • Implicação para a SCO: legitima-se como fórum de segurança global, não apenas regional.

  • Risco para o Ocidente: consolida-se a perceção de que existe um “clube dos não-alinhados 2.0”, desta vez armado, financiado e tecnologicamente estruturado.


Síntese desta secção

O que está em jogo é mais profundo do que declarações políticas:

  • Finanças: alternativa ao FMI/Banco Mundial.

  • Energia: circuito paralelo ao mercado global.

  • Tecnologia: autonomia em navegação e defesa.

  • Equilíbrio: Índia como pivot que pode frustrar tentativas ocidentais de isolar Moscovo e Pequim.

  • Símbolos militares: coreografia de força que procura legitimar a SCO como eixo multipolar.


IV. Convergências e fraturas dentro da “troika”

A. Onde convergem

  1. Linguagem comum contra “hegemonismo” e “bullying”Xi fez da crítica ao “bullying” e à “mentalidade de Guerra Fria” o fio condutor do plenário; Putin acompanhou, imputando ao Ocidente a escalada na Ucrânia. O enquadramento “multipolar” tornou-se o léxico partilhado do trio, com forte ressonância mediática na Europa e na Ásia. ReutersThe GuardianStraits Times

  2. Institucionalização de alternativas (banco, energia, satélites)O pacote de Xi — acelerar um Banco de Desenvolvimento da SCO, lançar uma plataforma internacional de energia e abrir o BeiDou — aponta para autonomia financeira/tecnológica do bloco e menos dependência de infraestruturas ocidentais. A imprensa britânica assinalou a ambição como parte de um “plano para nova ordem”. ReutersTelegraph

  3. Coreografia de solidariedade e mensagens coordenadasA encenação pública (bilaterais visíveis, gestos de camaradagem) serviu para fixar que China, Rússia e Índia podem alinhar taticamente sem aderirem a um bloco formal anti-Ocidente. O destaque a Xi com Putin e Modi reforçou a imagem de eixo eurasiático em ascensão. Reuters+1

  4. Convergência pontual em sanções/posições externasNa mesma janela temporal, China e Rússia alinharam com Irão ao rejeitarem o restauro de sanções europeias — um sinal de coordenação política fora do perímetro ocidental. Reuters


B. Onde fraturam

  1. Terrorismo e o “duplo critério”: Índia impõe a agendaModi levou a Pahalgam (22 de abril) ao centro do palco, exigindo “sem padrões duplos”. O tema já tinha travado, em junho, um comunicado dos ministros da Defesa da SCO (Qingdao); em Tianjin, porém, a referência entrou na declaração final — vitória diplomática indiana e lembrete de que o consenso na SCO é frágil e por unanimidade. The Economic TimesReutersThe Times of IndiaIndia Today

  2. Fronteira China–Índia e o “equilíbrio desconfiado”Apesar da distensão visual, persistem arestas: o histórico de Ladakh/Galwan condiciona a confiança estratégica. Imprensa do Reino Unido e da Ásia notou que, embora haja “boa óptica”, não há garantias de progresso substancial — é gestão de risco, não reconciliação. The TimesReuters

  3. Ucrânia: narrativa russa não é “linha da SCO”Putin voltou a exigir que qualquer paz aborde a expansão da NATO; é o seu quadro preferido para o conflito. A Índia mantém o cálculo de interesses e evita validar essa leitura; a China projeta “neutralidade pró-Moscovo”, mas baliza custos reputacionais e económicos. O resultado é dissonância controlada. Reuters+1The Guardian

  4. Governação por consenso: força e fraquezaO mecanismo de decisões da SCO — adopção apenas sem objeções — dá voz a todos, mas também bloqueia agendas quando surgem vetos cruzados (Índia–Paquistão; China–Índia). O episódio de Qingdao ilustra como um único tema (Pahalgam) pode travar a máquina. Reuters


C. Leitura operacional

  • Convergências úteis para o trio: linguagem anti-hegemonia, instrumentos alternativos (banco/energia/BeiDou) e óptica de unidade. Reuters+1

  • Fraturas estruturais: terrorismo (Índia vs. ambiguidade de alguns membros), LAC sino-indiana, e Ucrânia (a narrativa de Moscovo não é assinada por todos). The Economic TimesThe TimesReuters

  • Conclusão: a SCO consolida-se como plataforma de pressão sobre o sistema ocidental, mas a coerência interna depende de compromissos caso a caso.



V. Porque isto importa

1. Para a Europa e os EUA — vulnerabilidade exposta

  • Sanções menos eficazes: Se a SCO consolida banco próprio e rotas energéticas paralelas, a eficácia das sanções ocidentais fica comprometida. Países-alvo passam a ter mecanismos de sobrevivência fora do circuito FMI/Banco Mundial e do petrodólar.

  • Tecnologias estratégicas duplicadas: A abertura do BeiDou retira exclusividade ao GPS e dilui a vantagem tecnológica militar do Ocidente, sobretudo em regiões críticas como o Indo-Pacífico.

  • Fragmentação da diplomacia global: Ao legitimar fóruns alternativos, Pequim, Moscovo e Nova Deli empurram países não-alinhados para “soluções SCO”, reduzindo a capacidade da Europa e dos EUA de moldarem normas internacionais.


2. Para a própria SCO — entre ambição e fragilidade

  • Ambição: Tianjin marcou a passagem de um clube securitário para um bloco com pilares financeiros, energéticos e tecnológicos. Xi projetou a SCO como alternativa institucional à ordem de Bretton Woods e ao G7.

  • Fragilidade: O mecanismo de decisões por consenso significa que divergências internas (China–Índia, Índia–Paquistão) podem bloquear agendas. A SCO cresce em impacto, mas permanece menos coesa do que aparenta.

  • Simbolismo militar: O desfile final não foi apenas espetáculo — foi a encenação de uma coalizão armada que se quer legitimar como contraponto ao Ocidente. Isso reforça a perceção de “clube dos não-alinhados 2.0”, mas mais musculado.


3. O risco para o “mundo livre”

O maior risco não está numa aliança formal anti-Ocidente, mas sim na erosão gradual da dependência global de instituições ocidentais.

  • Se mais países passarem a recorrer ao banco SCO em vez do FMI,

  • se optarem por moedas locais em vez do dólar no comércio energético,

  • e se confiarem no BeiDou em vez do GPS,

então a ordem internacional liberal, construída após 1945, sofrerá um desgaste estrutural irreversível.


Caixa Gráfica:

3×3 — Três líderes, três mensagens

Xi Jinping (China)

  • Financiar: Banco de Desenvolvimento da SCO.

  • Integrar: Plataforma de energia.

  • Redundar: BeiDou como alternativa ao GPS.


Narendra Modi (Índia)

  • Segurança: Combate ao terrorismo sem padrões duplos.

  • Conectividade: Infraestruturas e corredores regionais.

  • Oportunidade: Desenvolvimento económico inclusivo.


Vladimir Putin (Rússia)

  • NATO: Conflito da Ucrânia como produto da expansão atlântica.

  • Revisão histórica: Golpe de Kiev como origem da crise.

  • Multipolaridade: Legitimação de uma ordem alternativa.


VI. Conclusão — Um despertar necessário

A cimeira de Tianjin não foi apenas mais uma reunião diplomática. Foi a encenação de uma alternativa ao Ocidente.

  • Xi Jinping ofereceu dinheiro, banco e satélites para transformar a SCO em instrumento de poder.

  • Narendra Modi reforçou a luta contra o terrorismo e mostrou que a Índia pode cooperar sem alinhar-se cega e totalmente.

  • Vladimir Putin usou o palco para culpar a NATO e legitimar a sua narrativa de guerra.


O resultado é um bloco flexível, mas funcional: convergências suficientes para minar a ordem liberal e fraturas que não anulam a utilidade de caminhar juntos.

Para a Europa e os EUA, o risco não é imediato, mas estrutural. A cada banco alternativo, a cada swap energético, a cada satélite BeiDou usado em vez de GPS, o sistema ocidental perde exclusividade e, com ela, influência. A erosão não acontece num só dia — é lenta, cumulativa e quase impercetível, até que se torna irreversível.


Por isso, Tianjin deve ser lido como um marco de viragem. O “mundo livre” não pode ignorar esta convergência de interesses entre ditadores e nacionalistas. Precisa de renovar as suas alianças, atualizar os seus instrumentos e falar com clareza ao Sul Global, se quiser evitar que a próxima década seja escrita em instituições e rotas que não lhe pertencem.



VII. Fecho Editorial — Um Chamamento ao Leitor

A cimeira de Tianjin deixou claro que o tabuleiro geopolítico já não é o mesmo. Xi, Modi e Putin mostraram ao mundo que existe uma via paralela às instituições dominadas pelo Ocidente — com bancos alternativos, rotas energéticas próprias e sistemas tecnológicos redundantes. Não é ainda uma nova ordem, mas é um ensaio credível de fragmentação da ordem antiga.


Para nós, leitores no espaço europeu e americano, o perigo está precisamente na lentidão em reconhecer esta mudança. Cada contrato energético fora do petrodólar, cada crédito assinado fora do FMI, cada porto que passa a usar BeiDou em vez de GPS, enfraquece a influência do mundo livre. E quando acordarmos, poderá ser tarde demais para recuperar o terreno perdido.


Por isso, a pergunta que deixo é simples, mas urgente: Estamos preparados para competir com esta nova arquitetura multipolar ou continuaremos a reagir tardiamente, confiando em instituições que já não têm o mesmo peso?


O futuro não espera. A cimeira de Tianjin foi apenas um aviso. A resposta nossa, europeia e ocidental, terá de ser rápida, lúcida e corajosa.



Obras Citadas

  • Associated Press (AP). “Xi da China procura papel ampliado para a Organização de Cooperação de Xangai na cimeira de Tianjin.” AP News, 1 set. 2025. Link

  • The Times (Reino Unido). “Xi critica ‘países que intimidam’ na cimeira com Putin e Modi.” The Times, 1 set. 2025. Link

  • The Guardian. “Xi Jinping ataca ‘comportamento de intimidação’ na abertura da cimeira da SCO em Tianjin.” The Guardian, 1 set. 2025. Link

  • Economic Times (Índia). “Financiamento do terrorismo, Ucrânia e ‘bullies’ globais: o que a troika de Modi, Putin e Xi disse na cimeira da SCO.” Economic Times, 1 set. 2025. Link

  • Reuters. “Após conversações com Xi e Modi, Putin diz que ampliação da NATO tem de ser abordada na Ucrânia.” Reuters, 1 set. 2025. Link

  • Economic Times (Índia). “O primeiro-ministro Modi define estratégia da SCO: Segurança, Conectividade, Oportunidade.” Economic Times, 1 set. 2025. Link


Nota do Autor — Sobre as Fontes

Notará que este artigo não recorre a meios de comunicação norte-americanos. Isto não é acidental.O meu objetivo é apresentar os factos da cimeira de Tianjin a partir de perspetivas menos enredadas nas narrativas políticas de Washington. Demasiadas vezes, a cobertura americana dos assuntos globais é moldada para servir debates internos em detrimento da verdade internacional.


Em vez disso, baseei-me em publicações europeias e asiáticas (The Guardian, The Times, Reuters, Economic Times, AP), que oferecem ângulos diversificados e permitem-me escrever com maior equilíbrio para o público a que me dirijo — leitores na Europa, em África e no mundo lusófono.


Tendo vivido a Guerra Fria em Angola e em Portugal, conheço demasiado bem o peso da propaganda, tanto a de Leste como a de Ocidente. Na minha escrita, escolho manter-me afastado dessas distorções. A verdade, para mim, deve emergir de múltiplas perspetivas, e não apenas da dominante.


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Comentários (1)

elmiro
02 de set.

A Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) realizada em Tianjin, China (31 de agosto a 1 de setembro de 2025), reuniu líderes de toda a Eurásia e destacou, segundo algumas análises, uma tendência para uma ordem mundial multipolar.

Principais impactos e temas discutidos na cimeira incluíram:

  • Desafio à hegemonia dos EUA: A China apresentou uma visão para uma nova ordem global, desafiando o sistema unipolar existente, segundo o YouTube.

  • Ênfase no Sul Global: A OCX está a posicionar-se como uma plataforma para amplificar as vozes do Sul Global e contrariar abordagens unilaterais à governação mundial.

  • Reforço do multilateralismo e da cooperação: Os líderes destacaram a cooperação em várias frentes, incluindo segurança, economia, comércio e intercâmbios culturais.

  • Declaração de Tianjin e outros documentos: A cimeira adotou a Declaração de Tianjin, que delineia compromissos conjuntos em matéria de segurança, comércio e ação climática. Foi também aprovada uma nova estratégia de desenvolvimento da OCX para 2026-2035.

  • Foco no comércio e na conectividade: As discussões centraram-se no reforço do comércio e da conectividade entre os Estados-membros.

  • Esforços de combate ao terrorismo: A Declaração de Tianjin condenou os ataques terroristas e reafirmou o compromisso da OCX no combate ao terrorismo, separatismo e extremismo, segundo a Vision IAS.

  • Papel da Índia: A presença do Primeiro-Ministro indiano Modi foi notável, tendo em conta os anteriores conflitos fronteiriços com a China, segundo a DW. A Índia conseguiu incluir uma condenação conjunta ao ataque terrorista em Pahalgam.

  • Expansão da OCX: O Laos foi admitido como parceiro da OCX, alargando a organização a uma família de 27 nações.

Em suma, a cimeira de Tianjin consolidou o papel da OCX como uma plataforma de cooperação eurasiática, alargando o seu foco para além da segurança, incluindo o desenvolvimento económico e a projeção de uma visão do mundo não ocidental, segundo o Chatham House.

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